Monsenhor ANTONIO
XAVIER DE PAIVA nasceu no dia 26 de maio de 1850, no povoado de Vera Cruz,
que pertencia a São José de Mipibu, hoje município autônomo. Era irmão do Major
Theodósio Paiva e de João Idalino de Paiva, e tio de. Áureo Paiva.
Segundo o pesquisador Fernando Leandro, no facebook 'Voltando
ao Tempo': "um fato curioso nos chamou atenção: o monsenhor Paiva
militava politicamente em partido contrário ao dos seus parentes, e por isso se
dizia que ele não simpatizava muito com o lugar, chegando a construir uma
estrada de São José a Vera Cruz, para não passar por Monte Alegre. Até hoje a
estrada é conhecida como " A Estrada do Padre". No entanto se atribui
a ele a autoria do nome Monte Alegre ao então vilarejo, no lugar do primitivo
nome de Bagaço".
Foi colega de estudos do Cardeal Joaquim Arcoverde de
Albuquerque Cavalcanti, mais conhecido como Cardeal Arcoverde, pernambucano da
cidade de Cimbres e o primeiro cardeal da América Latina e do Brasil. O padre
Antônio Xavier conservou até a morte do Cardeal Arcoverde uma fraterna amizade.
Na década de 1920 foi ordenado Monsenhor. Estudou no Seminário de Olinda,
depois, viajou para Roma, onde se ordenou sacerdote, em 1871.
Foi vigário da paróquia de San'Ana e São Joaquim em São José
de Mipibu, de 1894 (ou 1896) a 1930, ano de seu falecimento.
Residência do Monsenhor Paiva, na época. Atualmente a casa
aos familiares do saudoso Marciano Freire
Exerceu a chefia da Intendência do município, de 01 de
janeiro de 1923 a 01 de janeiro de 1926. Recebeu o mandato dos mipibuenses já
com a idade avançada (67 anos), como forma de homenagem do seu rebanho, ao
pastor querido que apesar de já ser Monsenhor (título que recebeu em 1910), era
carinhosamente chamado de ”Padre Antonio.”
Monsenhor Antonio Xavier de Paiva, era tio de Áureo Paiva
que, posteriormente seria prefeito de São José de Mipibu. Foi ele quem mudou o
nome anterior de “Bagaço” para o atual, Monte Alegre, no ano de 1905.
Monte Alegre/RN - Foto: Canindé Soares
Sua família possuía muita tradição e força política na cidade
e Monsenhor Antônio Xavier era, segundo o jornal A República, um dos
principais líderes de sua comunidade. A nota jornalista deixa transparecer que,
apesar da idade, ele se encontrava exercendo plenamente suas funções
sacerdotais e políticas.
Elegeu-se deputado na Assembleia Legislativa da Província, de
1888 a 1889. Era um dos mais dignos e piedosos sacerdotes que se tem notícias.
O busto foi confeccionado no Rio de Janeiro e colocado na
praça que tem o nome Monsenhor Paiva,em 1951 e o responsável foi Hostílio
Dantas. Do busto que hoje se encontra na praça, foi mudado apenas o pedestal.
Antigamente, essa praça era chamada de “Praça Getúlio Vargas.
A vida de Monsenhor Paiva é pontilhada de extrema
bondade para com a população humilde, pois era ela a grande preocupação na sua
luta diária. Todos o abordavam numa atitude de reverência, tal era a sua ação
de benevolência para com os pobres.
Na seca de 1877 – que tanto flagelou a Província – a atuação
do padre Antonio Xavier de Paiva foi de profunda importância para os
flagelados. Na época, fundou uma Colônia no Distrito de Vera Cruz, chegando a
abrigar cerca de 600 retirantes vindos das mais diversas partes o estado. Esse
abrigo representou um dos primeiros esboços de assistência social condicionada
pela seca.
É também atribuída a ele, a abertura da estrada de São José
de Mipibu à Vera Cruz, que ficou conhecida como a “Estrada do Padre",
continuação da avenida Senador João Câmara a RN-316 que vai para a cidade de
Monte Alegre.
Monsenhor Paiva era um incansável trabalhador do povo. Foi
ele quem liderou como vigário – apoiado pela Prefeitura Municipal e população –
a construção do “Cruzeiro do Século” ,em 1889, marcando a passagem do século XX
para o século XX e que ainda está de pé - no lado territorial hoje pertencente
ao município de Nísia Floresta - como símbolo da fé de um povo que
ansiava por melhores dias no novo período que começava.
Faleceu no dia 06 de junho de 1930. Sobre sua morte, a edição
de 7 de junho do jornal natalense A República informou que tudo aconteceu
de maneira repentina e o religioso foi enterrado no cemitério local às oito da
manhã do dia 7, em meio a muita consternação da população. Ao velório e
sepultamento, um grande número de pessoas, de São José de Mipibu, lugarejos e
cidades vizinhas, além de altas autoridades, políticas, eclesiásticas e civis,
acompanharam a missa de corpo presente na Igreja Matriz e sepultamento no
cemitério municipal.
Ainda segundo o jornal um dos que se fizeram presentes ao
sepultamento foi o governador Juvenal Lamartine de Faria, que veio de Natal de
automóvel, provavelmente seguido por um grande número de amigos e
correligionários. Vale ressaltar que além de religioso Monsenhor Antônio Xavier
era político, tendo sido Chefe da Intendência (cargo atualmente equivalente ao
de prefeito) de São José de Mipibu e membro de destaque da Comissão Executiva
do Partido Republicano Federal – PRF, onde sempre se fizera ouvir com respeito
e atenção.
Na época do seu falecimento os seus sobrinhos Áureo e Joaquim
de Paiva eram respectivamente prefeitos de São José de Mipibu e Papary.
Ao Monsenhor Antonio Xavier de Paiva, a merecida homenagem de
todos os mipibuenses pelo que ele representou para o Município, e em especial,
para a classe desfavorecida de recursos financeiros, isto é, para a pobreza.
Placa indicativa do túmulo do Monsenhor Paiva no cemitério
municipal de São José de Mipibu
ESSE TEXTO FOI
ESCRITO POR MARIA LÚCIA AMARAL COM
A COLABORAÇÃO DE MURILO PAIVA – SOBRINHO NETO, DO MONSENHOR PAIVA E INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES DO BLOG TOK DE HISTÓRIA
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